Conforme já demonstrado em outro artigo, a
forte recessão que atinge a economia brasileira causou transformações no
mercado de trabalho. O objetivo desse
texto é mostrar de que forma o aumento dos desocupados como parcela da
população economicamente ativa está relacionado com a falta de capacidade dos consumidores em honrar as dívidas assumidas via contratação de empréstimos.
O
gráfico abaixo mostra a dispersão entre dois indicadores: a inadimplência dos
consumidores – medida como o percentual do saldo de crédito com atraso superior
a 90 dias – e a taxa de desemprego, ambos referentes ao primeiro trimestre de
2016 para todos os estados do Brasil. Além da correlação positiva, vale destacar que das sete Unidades da Federação com a maior
taxa de inadimplência, cinco também apresentam as maiores incidências de pessoas que procuram trabalho, mas não conseguem. Os estados com a pior situação encontram-se no Norte e no Nordeste.
Taxa de desemprego e taxa de inadimplência dos consumidores - 1º Trimestre de 2016
(Em %)
Não é possível afirmar qual a relação de causalidade entre as variáveis. Contudo, a justificativa que mais parece fazer sentido do ponto de vista
econômico é de que o desemprego causa a inadimplência. A piora daquele provoca queda
no fluxo de renda dos trabalhadores, deteriorando a capacidade desses agentes em pagar os compromissos financeiros previamente assumidos. Os efeitos econômicos da
inadimplência já foram discutidos nesse texto, e alimentam um círculo vicioso
que deprime ainda mais a atividade econômica.
Como
existe uma defasagem entre os movimentos do PIB e do mercado de trabalho, e em
linha com o que foi visto sobre os indicadores antecedentes do nível de atividade, deveremos observar uma melhora lenta e gradual da taxa de desemprego somente
em 2017, gerando reflexos positivos sobre a inadimplência.
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