Os efeitos da recessão
econômica que atinge o Brasil são nefastos para a iniciativa privada. O recuo
da demanda – aliado aos gargalos já conhecidos no lado da oferta – causou
prejuízos para algumas firmas, enquanto outras encerraram suas atividades. Os
prejuízos sobre o fluxo de caixa das empresas resultam, entre outros efeitos, na
incapacidade de pagamento das dívidas contraídas para sustentar
suas operações. O objetivo desse artigo é analisar o indicador de títulos
protestados de pessoas jurídicas, relacionando-o com a atual conjuntura.
Compilado a partir das
informações coletadas junto aos cartórios de todas as regiões do país, o índice
da Boa Vista SCPC procura medir o grau de inadimplência das firmas. Na medida
em que as condições econômicas são desfavoráveis, ou seja, quando há queda no
PIB, espera-se um aumento da quantidade de débitos em atraso, uma vez que a renda diminui, e
vice-versa. Portanto, a relação esperada entre ambas as variáveis é negativa.
O gráfico abaixo mostra a
série histórica referente à variação percentual acumulada em 12 meses para o
índice de títulos protestados das pessoas jurídicas e o Índice do Banco Central
(IBC-BR), usado para “aproximar” o comportamento do PIB. De fato, a expectativa
a priori em relação à crença inicial
se confirmou.
Índice de Títulos Protestados (Pessoa Jurídica) e IBC-BR
(Variação % acumulada em 12 meses)
Os dados mostram que o indicador
de títulos protestados parece antecipar, em certo grau, os movimentos do IBC-BR. Uma
das hipóteses capazes de explicar esse fenômeno diz respeito ao efeito em
cascata que o retardo nos pagamentos das obrigações financeiras gera sobre a
cadeia na qual a firma está inserida. Por exemplo: o calote das empresas que
vendem bens finais junto aos fornecedores prejudica suas operações, e, por conseguinte, toda a estrutura produtiva à montante.
A forte taxa de crescimento
dos protestos de títulos ao longo dos últimos meses - principalmente a partir de 2015 - deve causar a moderação da variação do índice daqui em diante, devido à elevada
base de comparação. Também contribui para esse movimento os primeiros sinais de estabilização da economia brasileira.
Fonte: Boa Vista SCPC.
BCB (Série 24363 do SGS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário