A
parceria entre a Conference Board e a
FGV resultou no desenvolvimento de dois tipos de indicadores para o nível de
atividade do Brasil: um coincidente e outro antecedente. O primeiro tenta
antever a direção do ciclo econômico nos meses subsequentes, enquanto o segundo
está em alinhado – do ponto de vista temporal – com a trajetória do PIB. Vários
dos textos deste blog já demonstraram exemplos de ambos os casos, mostrando sua
utilidade dentro da análise de conjuntura.
Os
relatórios divulgados periodicamente mostram os resultados para os
últimos seis meses em relação ao período de referência. Além disso, as publicações ressaltam as influências de cada uma das variáveis que compõem esses
índices. De posse dessas informações, o objetivo desse texto é averiguar se
existem evidências que permitam afirmar que a economia brasileira atingiu o “fundo
do poço”. O gráfico abaixo mostra a evolução do indicador antecedente e do
coincidente nos últimos seis meses, assumindo dezembro de 2015 como o valor de
referência (100). Enquanto esse registra certa estabilidade, aquele demonstra
crescimento.
Indicador coincidente e antecedente do PIB do Brasil
(% de variação em relação à base: dez/15)
Para
avançarmos nessa análise, devemos estudar a evolução das influências desagregadas do indicador antecedente a cada mês, conforme a tabela abaixo.
Principais influências mensais das variáveis do indicador antecedente do PIB do Brasil
(Em pontos percentuais)
A
leitura dos dados mostra três destaques principais. O primeiro deles fica por
conta da elevação dos índices de expectativa com relação aos próximos seis
meses. A confiança aumentou consistentemente a partir de abril, quando o
processo de impeachment da presidente
Dilma ganhou força no Congresso Nacional. Conforme visto em outras oportunidades, famílias mais otimistas tendem a gastar mais e são mais suscetíveis a demandar crédito.
Por sua vez, empresários da indústria realizam mais investimentos produtivos,
que visam ampliar a capacidade produtiva da economia. Ademais, os donos dos
estabelecimentos dos serviços tendem a expandir seus empreendimentos.
Outro
fator positivo diz respeito à elevação dos termos de troca.
Isso significa que a razão entre os preços de exportação e os de importação das mercadorias aumentou, ou seja, a receita obtida com a venda dos bens nacionais permite adquirir mais produtos estrangeiros em valor. A explicação desse
fenômeno passa pela majoração dos preços dos produtos básicos (commodities), que representam
45,6% da pauta de exportação do BR. Ao longo do primeiro semestre, a cotação do
petróleo e do minério de ferro, por exemplo, cresceram aproximadamente 30% na
comparação com o mesmo período de 2015.
Por
fim, a Bolsa de Valores também registrou valorização substancial nos últimos
seis meses, fruto, entre outras coisas, da melhora na percepção sobre a condução da
política econômica no futuro. Isso pode ser atribuído à expectativa de redução
dos intervencionismos que fizeram com que as empresas estatais sofressem ingerências, resultando na perda de boa parte do seu valor de mercado.
Em
suma, existem evidências que nos permitem afirmar que chegamos ao “fundo do
poço”. No entanto, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho para
recuperar todas as perdas incorridas ao longo de 2015 e 2016.
Fonte: The Conference Board/FGV.
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