quinta-feira, 30 de junho de 2016

Por que o Brasil não consegue repetir as taxas de crescimento econômico do passado?



Conforme já apontado em alguns artigos neste blog, há duas formas básicas para aumentar a oferta de bens e serviços em determinada economia. A primeira delas envolve a utilização de mais fatores de produção (como capital, terra e mão de obra), enquanto a segunda diz respeito à melhoria da eficiência dos mesmos, ou seja, a geração de um produto maior a partir da mesma disponibilidade de insumos.

O PIB brasileiro cresceu de maneira intensa nas décadas de 60 e 70: médias de 5,7% e 8,1% a.a, respectivamente. Desde então, as taxas, nem de longe, repetiram esse padrão: entre 1981 e 1990,  o incremento foi de 1,5% a.a. em média, enquanto na última década do século passado, o avanço foi de 2,6% a.a. em média. Já entre 2001 e 2010, o boom das commodities e a boa condução da política econômica ajudaram a elevar valor médio para 3,6% a.a.. Nos cinco primeiros anos da atual década, a expansão foi bastante modesta: 0,9% a.a. em média.

O objetivo desse texto é mostrar como a quantidade de trabalhadores aptos para exercer atividade laboral e o crescimento da economia estão relacionados.

O gráfico abaixo mostra duas séries de tempo. A primeira delas diz respeito à razão de dependência, que pode ser definida como a participação da população inativa (entre 0 e 14 anos e com mais de 65) sobre os potencialmente ativos (entre 15 e 64 anos). Quanto maior o valor dessa variável, maior é o contingente de pessoas aptas para o trabalho, uma vez que o número de dependentes é pequeno. A segunda é o PIB potencial da economia, ou seja, a capacidade de oferta da economia que não provoca uma aceleração da inflação. Para obtê-la, optou-se pela extração da tendência do crescimento econômico anual do Brasil através de um filtro estatístico de suavização, conhecido por Hodrick-Prescott (HP). A vantagem da utilização dessa técnica é impedir que choques pontuais (tanto positivos quanto negativos) solapem a análise do tema em questão.

PIB potencial e razão de dependência - Brasil
(Em %)

Há uma correlação positiva entre as duas variáveis, ou seja, razões de dependência mais elevadas estão associadas, em média, a maiores taxas de crescimento econômico e vice-versa. Devemos lembrar, no entanto, que não podemos assumir qualquer tipo de causalidade entre as duas variáveis. Uma das hipóteses é de que os métodos contraceptivos se popularizaram ao longo dos últimos anos, diminuindo a taxa de natalidade. Nesse caso, a razão de dependência seria a causa das mudanças no PIB potencial. A segunda conjectura envolve o fato de o crescimento econômico ter permitido a melhora no acesso aos serviços básicos da população, causando aumento da expectativa de vida e, consequentemente, queda da razão de dependência. Há, portanto, bons argumentos para ambos os lados.

As projeções de crescimento populacional do IBGE permitem afirmar que o crescimento econômico do Brasil tende a se tornar cada vez mais difícil, dado que a população idosa tende a ganhar cada vez mais espaço na relação com o total de habitantes

Fonte: Razão de Dependência (OCDE). 
Crescimento do Brasil (The Conference Board, com base no IBGE).

domingo, 26 de junho de 2016

Papo de Economia #3: Vítor Wilher

Entrevista com o economista Vítor Wilher, do blog Análise Macro.

Assuntos abordados: economia brasileira, economia do Rio de Janeiro, Brexit, motivações para a criação de um blog sobre análise de conjuntura e empreendedorismo digital utilizando o R.

Entrevista completa disponível no Youtube: acesse aqui.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Quando a taxa de desemprego deve apresentar melhora?

A análise do comportamento do mercado de trabalho brasileiro é fundamental para entender diversos aspectos importantes da economia. Esse blog já demonstrou, por exemplo, a evolução de importantes variáveis, como, por exemplo, a taxa de participação da mão de obra e a conexão existente entre o saldo de geração de empregos formais e o PIB. O objetivo desse texto é analisar de que forma o nível de atividade se relaciona com a taxa de desemprego, ou seja, a parcela da população economicamente ativa que procurou emprego nos últimos 30 dias em relação ao mês de referência e não obteve sucesso.

O gráfico abaixo mostra a variação acumulada em 12 meses do PIB (medido aqui pelo Índice do Branco Central – IBC) e da taxa de desemprego, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. Ambas as séries começam em dezembro de 2004 e vão até fevereiro de 2016, último dado disponível da PME. A priori, devemos esperar uma correlação negativa entre as ambas: quanto maior o nível de atividade, por exemplo, menor o contingente de pessoas sem vínculo formal de trabalho, uma vez que as firmas, em muitos casos, necessitam de mais mão de obra para dar conta da elevação do número de pedidos. Quando há recessão, o raciocínio é inverso. Os dados confirmam essa hipótese, mas, para facilitar a visualização do argumento, o eixo vertical da taxa de desemprego está invertido, ou seja, quanto maior o deslocamento para baixo no mesmo, maior é a variação positiva dessa variável. Pode-se imaginar, analogamente, que essa é uma medida do nível de emprego da economia.

PIB (IBC-BR) e Taxa de desemprego (escala invertida)
(Variação % acumulada em 12 meses)


Alguns dos elementos que podem ser apreendidos pelo gráfico acima são: (1) o desemprego é uma variável que se move ciclicamente como o próprio PIB, ou seja, alterna momentos de alta e de baixa; (2) existe uma defasagem entre o primeiro e o segundo de, aproximadamente, um ano e (3) a atual recessão provocou um forte impacto sobre o mercado de trabalho, numa escala que não havia ocorrido em oportunidades anteriores.

E por que existe essa defasagem? Uma das conjecturas capazes de explicá-la diz respeito à rigidez existente no mercado de trabalho. No Brasil, os custos de contratação e demissão são muito altos. Além disso, se um trabalhador é demitido, o novo empregado leva tempo até atingir um nível de produtividade satisfatório, levando o contratante a postergar o momento de eventuais destituições. 

Tudo o mais constante, o PIB brasileiro deverá iniciar uma modesta recuperação a partir do segundo semestre desse ano. A partir da lógica supracitada, portanto, a taxa de desemprego ainda deve aumentar nos próximos meses para, somente em 2017, exibir alguma melhora.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Os programas de proteção ao emprego surtiram efeito?

A crise financeira internacional de 2008 teve impacto considerável sobre a economia brasileira. No tocante ao mercado de trabalho, por exemplo, houve elevação da taxa de desemprego. Naquela oportunidade, algumas empresas recorreram a um dos mecanismos previstos na legislação para evitar novas demissões: o lay-off. Sob esse regime, os trabalhadores têm seus contratos de trabalho temporariamente suspensos (por até cinco meses) e recebem seguro-desemprego.


Mais recentemente, em 2015, o governo lançou mão do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que permite a redução da jornada de trabalho e dos salários pagos, sendo que uma parte dos vencimentos é compensada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Exige-se, em contrapartida, a manutenção da mão de obra por um período de tempo superior a um terço ao prazo de vigência do acordo. 

Por sua vez, as férias coletivas também são utilizadas pelas firmas em momentos de crise, de modo a ajustar a produção à queda nos pedidos. Em todos esses casos, o objetivo principal é de evitar os custos de demissão de funcionários, bastante elevados no Brasil.


O objetivo desse artigo é mostrar de que forma esses programas impactaram a indústria brasileira.


O gráfico abaixo mostra a variação acumulada em 12 meses do emprego e das horas trabalhadas na produção no setor secundário. Além da forte correlação positiva entre ambas, percebe-se que, em momentos de desaceleração/crise, a primeira cai menos em comparação com a segunda. Nos últimos 12 meses terminados em abril de 2016, as horas trabalhadas caíram 10,5%, enquanto o nível de emprego diminuiu 7,6%.

Nível de emprego e horas trabalhadas na produção da indústria - Brasil
(Variação % acumulada em 12 meses)


É importante lembrar que todos os programas de proteção ao emprego apresentam prazo finito de duração e também estão limitados pela saúde financeira das empresas. Todavia, diante do atual momento da economia brasileira, em função da persistência e da magnitude da recessão, acabam servindo apenas para postergar demissões, impedindo que o fechamento de postos de trabalho se dê em ritmo ainda mais acelerado.


Portanto, a efetividade dessas políticas seria maior se a crise econômica não fosse tão grave. Para evitar que o contingente de desempregados aumente mais, deve-se adotar medidas que levem ao reequilíbrio econômico, tanto pelo lado fiscal, quanto monetário.

Fonte: CNI.

terça-feira, 7 de junho de 2016

O que explica a perda de participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação brasileira?



O comércio exterior é um importante vetor de crescimento e de aumento da produtividade para vários países. Várias nações consideradas pobres até a metade do século passado, como o caso de Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul, Japão, entre outras, conseguiram, em conjunto com outras reformas, obter importantes avanços econômicos ao promover transações de bens, serviços e rendas com o exterior.


No caso do Brasil, sua estrutura produtiva é bastante dependente do mercado interno. Mesmo com um dos menores graus de abertura do mundo¹, o exame da dinâmica das exportações de produtos manufaturados nacionais ao longo dos últimos anos é fundamental. Essa discussão se torna ainda mais relevante em função dos sinais de esgotamento do nosso atual modelo de crescimento e do papel que o setor externo pode desempenhar na geração sustentada de renda.


Ao longo da década passada, o comércio exterior do Brasil passou por transformações profundas. Em 2003, por exemplo, a participação dos produtos manufaturados no total da pauta exportadora, que chegava a 54,4%, atingiu 35,6% em 2014. Um dos motivos que gerou essa mudança foi a forte demanda da China por commodities, necessárias para sustentar suas elevadas taxas de crescimento econômico até 2011. O efeito resultante desse fenômeno provocou aumento considerável na cotação internacional dessas mercadorias, elevando a fatia dos produtos básicos no total embarcado. Ao longo dos últimos meses, essa proporção registrou uma tímida recuperação.


Outro evento de fundamental importância ocorrido na década passada foi a crise financeira internacional de 2008, que levou a uma alteração estrutural das exportações brasileiras. A turbulência internacional gerou significativa redução da demanda externa por produtos nacionais: a taxa de crescimento média das importações mundiais passou de 12,1% a.a. entre 2000 e 2008 para 2,3% a.a. entre 2009-2014 –. O fim da chamada "Grande Moderação", portanto, transformou o padrão de crescimento global, dado que os países se voltaram para o mercado interno, a partir do recrudescimento de medidas protecionistas. Essa tendência, no entanto, está sendo parcialmente revertida, a partir do estabelecimento de mega-acordos comerciais entre importantes países.


Importações mundiais em US$

(variação percentual acumulada em 12 meses)


Fonte: OMC



Em 2011, as exportações totais brasileiras alcançaram US$ 256 bilhões, de acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio (MDIC). Desde então, apresentaram clara trajetória descendente, totalizando apenas US$ 191,1 bilhões no passado (queda de 25,3%). No caso dos produtos manufaturados, o pico ocorreu em 2008 (US$ 92,7 bilhões) e, em 2015, esse conjunto somou apenas US$ 74,1 bilhões (retração de 20,0% desde então). Com esse pano de fundo, o objetivo desse artigo é entender quais são os motivos que têm impedido o crescimento das exportações brasileiras dessa classe de mercadorias, contribuindo para o debate sobre o tema na literatura especializada e para o direcionamento de políticas públicas.


Um dos principais fatores que afetam a competitividade das exportações diz respeito à taxa de câmbio. Teoricamente, uma desvalorização favorece o segmento manufatureiro, pois, dado que a receita em reais das vendas externas se eleva, é possível para o produtor negociar um preço mais atrativo em dólares com o comprador. Todavia, a despeito da depreciação ocorrida ao longo dos últimos anos (119,4% entre maio de 2011 e maio de 2016), não houve uma contrapartida positiva sobre os embarques brasileiros. A evolução recente da taxa de câmbio, portanto, se mostra insuficiente para explicar o porquê as mercadorias de maior valor agregado vêm perdendo espaço na nossa pauta exportadora.


Uma das formas de avaliar esse problema com maior acurácia é através da relação câmbio-salário – indicador calculado mensalmente pelo Banco Central do Brasil. Essa variável procura capturar a magnitude dos custos de produção relacionados ao fator trabalho em dólares, ou seja, é uma medida da competitividade do produto brasileiro no mercado internacional. Quanto mais baixo o índice, maior o poder de compra dos salários, o que significa menor capacidade de concorrência do produto nacional no exterior, e vice-versa.


Da mesma forma, a autoridade monetária brasileira também calcula a relação câmbio-salário corrigida pela produtividade. A boa teoria econômica aponta que uma elevação do custo do trabalho, desde que acompanhada por um incremento da produtividade, não tende pressionar os custos para a fabricação de de mercadorias. Nesse sentido, o indicador também é sensível à quantidade de produto gerada por unidade de trabalho. Por exemplo: mesmo que a remuneração do fator trabalho aumente, o indicador não sofrerá alteração, desde que a produtividade se eleve na mesma magnitude. Por incorporar esse importante conceito no seu cálculo, optou-se por utilizar essa última medida no presente estudo.


O gráfico mostra a relação câmbio-salário corrigida pela produtividade e a participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação brasileira desde 2004, ambos com as suas respectivas médias móveis em 12 meses para suavizar as séries. Há uma correlação positiva entre ambas de 0,772. Isso significa que reduções na primeira tendem a ser acompanhadas, na média, por quedas na segunda, e vice-versa.


Indicador câmbio-salário corrigido pela produtividade e participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação do BR

(Em % - média móvel em 12 meses)


Fonte: BCB e MDIC/SECEX


Entre abril de 2011 e de 2016, a melhora do indicador foi de apenas 41,2%, ou seja, muito menos substancial do que a desvalorização da taxa de câmbio no mesmo período. Além disso, convém ressaltar que, desde 2014, mesmo com a melhora do índice, os manufaturados continuaram perdendo participação na pauta. Uma hipótese capaz de explicar esse fenômeno está ligada ao fato de que uma parcela considerável da desvalorização ocorreu recentemente. Nesse caso, o repasse sobre as exportações apresenta uma defasagem temporal, o que estaria de acordo com a "Curva J"².


Essa medida de competitividade das exportações de manufaturados também apresenta uma importante correlação com a perda de participação da indústria de transformação brasileira no valor adicionado bruto (VAB) ao longo dos últimos anos, conforme o gráfico abaixo.


Indicador câmbio-salário corrigido pela produtividade e participação da indústria de transformação brasileira no PIB

(Em % - média móvel em 4 trimestres)


Fonte: BCB e MDIC/SECEX


Diante do exposto, algumas recomendações de política para aumentar a competitividade das exportações de produtos manufaturados são:


* Rever a atual regra de reajuste do salário mínimo nacional: a legislação que concede o valor da inflação (INPC) do ano anterior ao de referência mais o PIB de dois anos atrás não permite, na prática, que a remuneração do fator trabalho sofra perdas reais (já descontadas a inflação), que reflitam as variações na produtividade. Essa rigidez acaba pressionando os custos de produção do segmento exportador. Cabe lembrar também que o PIB não é uma medida de produtividade: ao longo dos últimos anos, a maior parte do crescimento brasileiro foi gerado porque mais pessoas foram incorporadas ao mercado de trabalho.


* Manter a inflação sob controle: o crescimento persistente do nível geral de preços diminui a competitividade da oferta, uma vez que os insumos necessários para a produção ficam mais caros em relação aos concorrentes internacionais. Nesse sentido, é necessário que o Banco Central se comprometa, de maneira crível, em perseguir a meta para o IPCA. Ademais, o Setor Público deve contribuir para esse fim, adotando políticas fiscais adequadas.


* Reformas estruturais: outra maneira de conter o crescimento dos custos é através de um conjunto abrangente de medidas que melhorem o ambiente de negócios no Brasil. Além de reduzir a burocracia, são necessários investimentos em logística, educação, simplificação tributária e redução da carga de impostos, além de acordos comerciais bilaterais com mercados relevantes.


Manter a taxa de câmbio artificialmente desvalorizada poderia causar efeitos indesejáveis do ponto de vista econômico. Uma das principais seria uma inflação persistentemente pressionada (em função do encarecimento dos produtos importados). Isso tornaria os insumos para a produção mais caros e compensaria (ainda que parcialmente) os efeitos benéficos sobre a exportação.


Em suma, a desvalorização da taxa de câmbio ao longo dos últimos anos não foi suficiente para dar maior competitividade para as exportações de produtos manufaturados. Isso ocorreu porque a combinação entre custos mais elevados relacionados à mão de obra e menor produtividade do trabalho compensou grande parte do ganho advindo da perda do poder de compra do real em relação ao dólar.


As medidas necessárias para dar maior competitividade ao setor exportador de manufaturas são urgentes. Muitas delas, no entanto, apresentam um enorme custo do ponto de vista político para a sua implementação. Sem progressos nesse sentido, é improvável obter crescimento sustentável das vendas externas.


[1] O grau de abertura, medido pela soma das exportações com as importações e ponderada pelo tamanho do Produto Interno Bruto (em dólares), foi de 19,7% para o Brasil em 2014, de acordo com os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). No ranking internacional, para um total de 184 países, somos o terceiro país mais fechado ao comércio no mundo, somente atrás do Sudão (18,4%) e África Central (19,3%).
[2] Para maiores detalhes, ver Krugman & Obstfeld (International Economics: theory and practice, 2004).

Fontes: Relação câmbio-salário (Série 11776 do SGS-BACEN).
Exportações: MDIC/SECES (Disponível no IPEADATA).
PIB da indústria e VAB (IBGE - Série 1846 do SIDRA).

quarta-feira, 1 de junho de 2016

A evolução da rotatividade da mão de obra na indústria

O mercado de trabalho brasileiro está passando por transformações significativas, fruto da intensidade da recessão econômica que atinge o País. Esse blog já demonstrou, por exemplo, que a taxa de participação alcançou, em 2016, o nível mais baixo de toda a série histórica. Entre os tópicos mais recorrentemente analisados por pesquisadores e pelo governo no tocante ao mercado de trabalho está a rotatividade. O objetivo desse post é investigar a sua evolução no âmbito industrial ao longo dos últimos anos, procurando entender de que forma o ciclo econômico afeta a dinâmica dessa variável.


A taxa de rotatividade pode ser definida como o percentual de trabalhadores substituídos entre o mês de referência e o período imediatamente anterior. O gráfico abaixo mostra a variação acumulada em 12 meses dessa variável e da produção industrial. A primeira variável faz parte da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, enquanto a segunda está na Pesquisa Industrial Mensal de Empregos e Salários – PIMES. O último dado é de dezembro de 2015, uma vez que a PIMES foi encerrada pelo IBGE. Há uma clara correlação positiva entre ambas as séries: ou seja, maiores níveis de atividade da indústria tendem a ser acompanhados por aumento da rotatividade e vice-versa.

Produção industrial e Taxa de Rotatividade - Brasil
(Variação % acumulada em 12 meses)

Quando o mercado está aquecido, é natural que as empresas necessitem de mais trabalhadores para dar conta do aumento da produção. Para atrair essa mão de obra, as firmas oferecem salários mais altos. Em situações como essa, a propensão dos empregados em pedir demissão para assumir postos com melhores condições aumenta, gerando incremento da rotatividade. Quanto mais intenso é o crescimento do setor, maior é a intensidade da troca.
 
Já nos casos onde a produção está em baixa, as empresas ajustam o nível de emprego aos pedidos, através de demissões. Como o ciclo econômico está na sua parte baixa, em muitos casos, não é necessário efetuar substituições.
 
A expectativa é de que a rotatividade continue caindo em 2016 e apresente relativa estabilidade em 2017, em linha com a estimativa de baixo crescimento (0,9%) para a Produção Industrial no ano que vem, conforme o Relatório FOCUS, do Banco Central.
 
Fonte: PIM-PF e PIMES (IBGE).