A crise financeira internacional de 2008 teve impacto considerável sobre a economia brasileira. No tocante ao mercado de trabalho, por exemplo, houve elevação da taxa de desemprego. Naquela oportunidade, algumas empresas recorreram a um dos mecanismos previstos na legislação para evitar novas demissões: o lay-off. Sob esse regime, os trabalhadores têm seus contratos de trabalho temporariamente suspensos (por até cinco meses) e recebem seguro-desemprego.
Mais
recentemente, em 2015, o governo lançou mão do Programa de Proteção ao Emprego (PPE),
que permite a redução da jornada de trabalho e
dos salários pagos, sendo que uma parte dos vencimentos é compensada pelo Fundo de Amparo
ao Trabalhador (FAT). Exige-se, em contrapartida, a manutenção da mão de obra por um período de tempo superior a um terço ao prazo de vigência do acordo.
Por sua vez, as férias coletivas também são utilizadas pelas firmas em momentos de crise, de modo a ajustar a produção à queda nos pedidos. Em todos esses casos, o objetivo principal é de evitar os custos de demissão de funcionários, bastante elevados no Brasil.
O
objetivo desse artigo é mostrar de que forma esses programas impactaram a
indústria brasileira.
O
gráfico abaixo mostra a variação acumulada em 12 meses do emprego e das horas
trabalhadas na produção no setor secundário. Além da forte correlação positiva
entre ambas, percebe-se que, em momentos de desaceleração/crise, a primeira cai
menos em comparação com a segunda. Nos últimos 12 meses terminados em abril de
2016, as horas trabalhadas caíram 10,5%, enquanto o nível de emprego diminuiu
7,6%.
Nível de emprego e horas trabalhadas na produção da indústria - Brasil
(Variação % acumulada em 12 meses)
É
importante lembrar que todos os programas de proteção ao emprego apresentam
prazo finito de duração e também estão limitados pela saúde financeira das
empresas. Todavia, diante do atual momento da economia brasileira, em função da persistência
e da magnitude da recessão, acabam servindo apenas para postergar demissões, impedindo que o fechamento de postos de trabalho se dê em ritmo ainda mais
acelerado.
Portanto, a efetividade dessas políticas
seria maior se a crise econômica não fosse tão grave. Para
evitar que o contingente de desempregados aumente mais, deve-se
adotar medidas que levem ao reequilíbrio econômico, tanto pelo lado fiscal, quanto monetário.
Fonte: CNI.
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