Este
blog procurou demonstrar, em artigo escrito em julho de 2015, os motivos
pelos quais as exportações brasileiras não avançaram no ano passado, a despeito da forte desvalorização da taxa de câmbio nominal (41,6%). Isso porque, em tese,
o Real mais fraco em comparação com o Dólar auxilia no crescimento das vendas
externas. Naquela oportunidade, a redução dos preços foi apontada como uma das
causas principais. O presente artigo se propõe a quantificar esse efeito
através de um simples exercício.
É
importante ressaltar que os preços das commodities
apresentaram forte redução em 2015, em linha com a desaceleração econômica da
China – e da expectativa de que seu crescimento seja menor no futuro em relação
ao que era esperado –. Isso, por sua vez, puxou os preços de outras mercadorias
para baixo, como dos Alimentos, dos Derivados de Petróleo, dos Químicos e de outros
setores que as utilizam como insumos para a produção.
O
valor, por definição, é resultado da multiplicação entre preços e quantidades. Como
a Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (FUNCEX) disponibiliza a série histórica das variações de ambas, é
possível analisar as influências de cada uma delas separadamente. Para fins de
exercício, optou-se por utilizar a média do preço das exportações verificado em
2014 como parâmetro para todos os meses de 2015. Destarte, as vendas externas
variam somente com base na evolução do quantum embarcado. Os resultados podem ser verificados no gráfico abaixo: a dinâmica seria completamente diferente em comparação ao que, de fato,
ocorreu. Nesse caso, o valor exportado alcaçaria US$ 243,7 bilhões, bem acima dos US$ 191,1 bilhões registrados
ao longo do passado. A diferença, portanto, seria de US$ 52,6 bilhões,
equivalente a 27,5% do conjunto de bens vendidos para outros países no ano passado.
Exportações brasileiras em US$ milhões
(Acumulado em 12 meses)
As
projeções do Fundo Monetário Internacional para as commodities em 2016 apontam
para nova nova retração: -20,7%. Em nível, o índice que procura medir um
conjunto abrangente desse tipo de mercadoria encerrou 2015 no patamar mais baixo de 2004 e, caso as estimativas se confirmem, os preços serão os menores desde 2003.
É fundamental que as
exportações não dependam somente do fator câmbio para avançar. Para tanto, deve-se promover uma abertura para o comércio exterior, através de acordos
que sejam feitos, principalmente, com países relevantes. Trata-se de uma via fundamental e saudável para atenuar os impactos de crises do mercado interno, como a que estamos vivendo hoje.
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