A taxa de câmbio é um entre tantos fatores que
afeta as exportações de um determinado país. Desde 2011, observou-se uma
desvalorização significativa daquela, ou seja, os Reais passaram a valer menos
em relação ao Dólar. Tal fato é benéfico para as vendas externas, uma vez que
para cada dólar exportado, a conversão resultante pela moeda nacional gera uma
receita maior para o produtor.
Todavia,
as exportações brasileiras não apresentaram crescimento desde então. Pelo
contrário: registraram sucessivas quedas. Após o valor recorde de US$
256 bi em 2011, os embarques
totalizaram US$ 225,6 bi em 2014. Em 2015, devem fechar abaixo dos US$ 200 bi, conforme as
projeções mais recentes do mercado financeiro contidas no Relatório FOCUS. Essa retração deverá ocorrer a
despeito da acentuação da depreciação cambial já ocorrida nesse ano.
O
objetivo desse post é tentar compreender
os motivos que causaram o fenômeno supracitado.
Convém
lembrar que a taxa de câmbio não é o único determinante do desempenho das
vendas externas. Nesse sentido, uma medida abrangente sobre a rentabilidade das mesmas – que também leva em consideração os custos envolvidos nas operações – tende a retratar de maneira mais fidedigna o seu comportamento. Tendo em
vista esse pano de fundo, a FUNCEX criou um índice que procura capturar todos esses
elementos.
O
indicador de rentabilidade das exportações é dado pela relação entre o índice de preços – medido
em reais a partir da conversão pela taxa de câmbio média do mês – e o índice de
custos das exportações – dado pelos insumos nacionais e importados, além dos salários
e encargos –. O denominador é
ponderado de acordo com a participação dos setores na pauta exportadora. Quanto
maior o índice, maior a rentabilidade, o que eleva a capacidade de competição em relação a outros concorrentes no exterior. O
gráfico abaixo mostra que a rentabilidade das exportações praticamente não
aumentou desde então, enquanto a desvalorização nominal do câmbio foi substancial.
Taxa de câmbio nominal (R$/US$) e Índice de Rentabilidade das Exportações
(Número-índice: jan/11 = 100)
Isso pode ser explicado pelo fato de que os preços de exportação
caíram substancialmente ao longo dos últimos meses. Além disso, as despesas voltadas para a
produção apresentaram crescimento: o Indicador da Custos
Industriais da CNI cresceu 22,7% entre 2011 e 2014.
A solução para elevar a rentabilidade das nossas exportações passa pela redução desses. Para tanto, são necessárias várias reformas estruturais que melhorem o
ambiente para a realização de negócios, incluindo a tributária, trabalhista e previdenciária. Também são urgentes os investimentos em logística e a simplificação e desburocratização
de procedimentos legais, além de uma maior segurança jurídica.
Fonte: Taxa de câmbio média do mês - Banco Central (Série 3698 do SGS)
Índice de Rentabilidade das Exportações (Série disponível no IPEADATA).
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