Um
dos debates mais recorrentes envolvendo economia no Brasil diz respeito à
magnitude do spread bancário. O
objetivo desse post é discutir
algumas das causas desse fenômeno.
O
spread bancário pode ser definido
como a diferença entre as receitas obtidas com as concessões de crédito
(percentual médio de juros cobrado junto aos tomadores de empréstimo) e o custo
de captação de recursos por parte das instituições financeiras (percentual
médio de juros que remunera os depósitos dos poupadores).
Convém
ressaltar que nem tudo é convertido
em lucro para os bancos. Isso fica mais claro a partir da decomposição
observada no gráfico abaixo, conforme os dados do Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central do Brasil. A margem líquida foi de 38,8% do
total em 2013.
Decomposição do spread do Brasil - 2013
(em %)
Dois
fatores chamam a atenção: o primeiro deles é a inadimplência, responsável por 28,5%
do total. Entre outras razões, isso ocorre porque, do ponto de vista jurídico, é
difícil cobrar as garantias oferecidas pelos tomadores de empréstimos no nosso País. O
segundo são os impostos diretos – representam 25,9% do total –. Nesse caso, a
onerosa carga tributária também apresenta sua parcela de contribuição. As
exigências relativas ao depósito compulsório (recursos das instituições
financeiras que devem ser mantidos juntos ao Banco Central para fins de
controle da circulação de moeda na economia), conforme o gráfico acima, não apresentam relevância considerável.
Outro
elemento importante está relacionado à estrutura bastante concentrada do setor
bancário no Brasil. A teoria microeconômica é clara quando aponta que, quanto
menor a concorrência, maior tende a ser o preço de equilíbrio (aqui em termos
de taxa de juros) no mercado.
Ademais,
a própria manutenção da taxa SELIC em patamares significativos também colabora nesse sentido. O gráfico
abaixo mostra a evolução das duas variáveis desde março de 2011. Há uma forte correlação
positiva entre as séries, ou seja, spreads maiores são acompanhados, na média, por uma SELIC mais elevada , e vice-versa.
Spread e taxa SELIC
(Em p.p. e % acumulado em 12 meses)
O
que deve ser feito para reduzir o spread?
Além de melhorar a segurança jurídica, é necessário
diminuir impostos e baixar a taxa neutra de juros (aquela que não provoca
pressões inflacionárias). No entanto, essas medidas são de difícil implementação,
o que gera um grande custo do ponto de vista
político. Portanto, o spread deverá permanecer alto.
Parabéns pelo conteúdo do blog!Sou leigo em economia!A questão da margem líquida não pode ser atacada?É como se fosse o lucro do banco?Acionista25.
ResponderExcluirPrezado,
ExcluirMuito obrigado pelo elogio!
A margem líquida é o lucro obtido pelos bancos com as operações de crédito, depois de descontados os impostos.
Acho que seria saudável aumentar a concorrência no setor. Ao incentivar a disputa entre as instituições financeiras, o consumidor sairia ganhando com serviços melhores e mais baratos, o que também impediria um lucro elevado por parte das empresas.
Estou à disposição.
Um abraço!
Aí vem o Banco Central e proíbe o Fair Place, empréstimo p2p que atacava justamente isto. Abraço
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