terça-feira, 27 de setembro de 2016

Reforma da Previdência: vamos trabalhar até morrer?



Muito tem se falado sobre a regra que visa estabelecer uma idade mínima para a requisição das aposentadorias no Brasil. O objetivo deste texto é discutir um dos principais argumentos usados por aqueles contrários à medida, de que os solicitantes do benefício irão trabalhar até morrer, sem usufruir, portanto, desse amparo estatal.

As tábuas completas de mortalidade do IBGE nos dão uma pista do quão ilógico é esse argumento. Os dados do gráfico abaixo mostram a expectativa de sobrevida (em anos) para várias idades. Vamos considerar, aqui, as estatísticas a partir dos 58 anos, dado que essa é idade média de aposentadoria nas condições atuais; as pessoas que atingem esse patamar tendem a viver, em média, mais 23,5 anos. De acordo com os cálculos, portanto, deverão chegar aos 81,5 anos, ou seja, gozarão do benefício – caso a idade mínima de 65 anos seja aprovada – por 16 anos e meio. Na medida em que se tornam mais idosas, suas expectativas de sobrevida também se elevam, porém a taxas decrescentes. Por exemplo, aqueles que chegam aos 79 anos deverão viver, em média, mais 9,8 anos, totalizando 88,8.

Expectativa de sobrevida da população brasileira - ambos os sexos
(em anos)


Convém lembrar que a expectativa de vida ao nascer é a mais baixa entre todas as idades (75,2 anos) em função da existência dos mais variados eventos que podem abreviar a vida das pessoas. Os homens, por exemplo, estão muito mais sujeitos aos crimes violentos quando jovens em relação às mulheres. Essa é uma das justificativas que explica a diferença de mais de 7 anos de idade entre ambos os sexos.

Portanto, o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria não obrigará os trabalhadores a labutar até o fim de suas vidas.

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