O Brasil tem sido acometido
por escândalos de corrupção sem precedentes envolvendo tanto a administração
pública direta quanto a indireta. Além de poder gerar uma série de
consequências do ponto de vista político, esse é um tema bastante relevante
para a economia. Isso porque os desvios de dinheiro impedem uma
alocação eficiente dos recursos escassos da sociedade. Quanto mais essas
práticas se tornam comuns, mais a sociedade se afasta do ponto que permite a
maximização da geração de riquezas. Como resultado, por exemplo, a confiança dos agentes econômicos (consumidores, empresários da
agropecuária, indústria e comércio e serviços) diminui, o que impacta negativamente no crescimento potencial dos países.
Com esse pano de fundo, o post visa colaborar com a discussão sobre alguns dos elementos que envolvem essa questão.
Do ponto de vista econômico,
é possível ter um indicativo de que sociedades menos corruptas tendem a ser
acompanhadas, na média, por uma maior geração de riquezas (e vice-versa). O
gráfico abaixo mostra a correlação existente entre o PIB per capita a preços
correntes (em 2014, conforme o site do FMI) e o Índice de Percepção da Corrupção
do Setor Público (CPI, compilado pela Transparência Internacional com base na
opinião de analistas, homens de negócios e experts sobre o tema).
Renda per capita e Índice de Percepção da Corrupção em 2014
(Em US$ dólares e pontos)
O Brasil está representado pela cor laranja e há uma clara correlação positiva entre as séries. Vale destacar que quanto menor é a corrupção percebida, maior é o escore do indicador. Nesse ranking, nosso País está apenas na 69ª colocação entre 173 nações. Outro fator que merece ser ressaltado diz respeito ao formato não linear da reta que melhor se ajusta aos dados. Isso significa que
eventuais esforços para tornar uma nação menos propensa à criação de esquemas de suborno e ao pagamento de
propina tendem a gerar incrementos mais do que proporcionais
sobre a capacidade de geração de riquezas.
E de que forma é possível atuar
para impedir que esse tipo de prática se torne cada vez mais comum, especialmente no Brasil? Algumas das
estatísticas disponíveis no Social Progress Index (SPI) podem nos dar uma pista. O gráfico abaixo
mostra a correlação existente entre a percepção da corrupção no Setor Público e
o Índice de Liberdade de Imprensa. No primeiro caso, quanto mais alto o indicador, menor é a corrupção. No segundo, quanto menor é a variável, maior é a capacidade dos
veículos de comunicação em atuar livremente.
Índice de Liberdade de Imprensa e Índice de Percepção da Corrupção (SCI - Banco Mundial) em 2014
(Em pontos)
O Brasil também está em laranja e ocupa apenas a 82ª posição entre 132 nações no que tange à liberdade de imprensa. Nesse caso,
a correlação é negativa: na média, países onde a mídia é menos livre tendem a ser acompanhados por mais corrupção.
A evidência supracitada indica que quaisquer tentativas de controle social da mídia não podem ser adotadas, sob pena de aumentar a corrupção. Essa, por sua vez, afeta negativamente o crescimento econômico.
Fontes: PIB per capita (FMI)
Índice de Percepção da Corrupção (Transparência Internacional)
Índice de Percepção da Corrupção e Índice de Liberdade de Imprensa (Social Progress Index)
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