A agropecuária tem grande
relevância para o Brasil: o PIB totalizou R$ 263,6 bilhões em 2015, ou seja, 5,2% do conjunto de bens e serviços produzidos pela economia nacional. Além de empregar mais de 1,5
milhão de pessoas com carteira de trabalho, o setor primário também apresenta complexas interdependências com outros ramos de atividade, sobretudo com a indústria. Por um
lado, a agropecuária fornece insumos para a transformação de mercadorias: o grão de soja vira óleo e farelo, enquanto o abate dos animais gera diversos cortes de carne, entre outros exemplos. Por outro, o segmento demanda bens que
viabilizam o processo produtivo em larga escala, como as máquinas agrícolas e os defensivos e inseticidas.
Ao longo dos últimos anos, o
setor primário incorporou com sucesso diversos avanços tecnológicos, e hoje tem
condições de competir com outros importantes participantes no
mercado global – principalmente os Estados Unidos. O objetivo deste texto é criar um
indicador coincidente simples, que visa aproximar o desempenho do PIB da agropecuária brasileira ao
longo dos últimos 10 anos. Em primeiro lugar, devemos ter em mente que o
Produto Interno Bruto representa uma medida de valor adicionado. Ou seja, não
basta levar em consideração somente o total faturado: é necessário também desconsiderar os custos com os bens intermediários.
Para a agricultura, a variável
escolhida foi a medida de produtividade da safra de grãos brasileira (em
quilogramas por hectare plantado), de acordo com as estatísticas da CONAB. A produção de grãos,
por si só, não é suficiente para alcançar nosso objetivo. Isso porque eventuais aumentos da colheita, se acompanhados pelo crescimento da área plantada na mesma proporção, não implicam em elevação do valor agregado. Destarte, o alvo do
nosso interesse é a produtividade.
Com relação à pecuária,
optou-se pelo peso das carcaças abatidas, conforme os dados divulgados
pelo IBGE. Outra alternativa era utilizar o número de cabeças abatidas; entretanto, a primeira é
capaz de refletir com maior precisão mudanças qualitativas na estrutura física dos
animais e, consequentemente, na capacidade dos mesmos em gerar riquezas.
A última informação necessária
para a construção do indicador é a participação da agricultura e da pecuária no total do setor primário. De acordo com as informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), o primeiro representa 70%, enquanto o segundo responde por 30%. Portanto, o índice construído será uma média
ponderada entre as duas variáveis selecionadas. O indicador coincidente apresenta boa aderência com o PIB ao longo dos últimos
anos, conforme o gráfico abaixo. A correlação entre ambos é de 0,74.
PIB da Agropecuária e indicador para o setor primário - Brasil
(Variação % em relação ao ano anterior)
Para 2016, as
notícias não são amimadoras. A projeção da CONAB para a produtividade da safra
de 2015/2016 é de queda de 10,9% em comparação com a anterior. Tal fato é corroborado pelas expectativas de mercado do Relatório FOCUS: retração esperada de 1,05% em 2016. Caso isso se confirme, a contribuição do setor primário para o PIB total será negativa.
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