De acordo com os dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as importações brasileiras
(medidas em dólares correntes) caíram 18,9% nos cinco primeiros meses do ano em
comparação com o mesmo período de 2014. Trata-se do valor mais baixo para o período
desde 2010.
Esse post tem por objetivo explicar alguns dos elementos que determinam
o comportamento das compras brasileiras no exterior. Antes de avançarmos, destaca-se
que mudanças nos valores de quaisquer mercadorias podem ser decompostas entre as variações
dos seus preços e das quantidades (quantum)
transacionadas.
O gráfico abaixo mostra a
forte correlação existente entre o PIB do Brasil (aqui representado pela sua proxy mensal, o IBC-BR) e o quantum das importações nacionais.
Optou-se por essa medida ao invés do valor porque o indicador do nível de
atividade já é calculado em termos constantes, ou seja, livre da influência da variação dos preços (inflação). Os desembarques têm um caráter pró-cíclico: conforme a atividade
acelera, ou seja, quanto a maior renda disponível, mais elevadas tendem a ser as compras no
exterior.
PIB (IBC-BR) e quantum das importações do Brasil
(Variação percentual acumulada em 12 meses)
Segundo já visto no blog, as importações são fundamentais para explicar a dinâmica dos investimentos ao longo dos últimos anos. Além disso, a indústria, responsável
por cerca de dois terços do total, é diretamente afetada, pois
depende, em muitos casos, dos insumos necessários para a produção (bens
intermediários) e de equipamentos para a fabricação de outros produtos (bens
de capital).
O que esperar das importações no futuro? Um indício sobre essa tendência pode ser obtido através das projeções de mercado do Relatório FOCUS para o PIB do Brasil
nos próximos trimestres. As expectativas do mercado financeiro apontam que
haverá um crescimento da economia (no acumulado em 4 trimestres) somente a
partir do terceiro trimestre de 2016. Portanto, até lá, as importações deverão
continuar caindo.
Projeção do PIB do Brasil - Relatório FOCUS
(Variação percentual acumulada em 4 trimestres)
Fontes: Quantum de Importações - FUNCEX (Série disponível no IPEADATA).
IBC-BR - Banco Central (Série 17439 do SGS).
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