Esse post procura
entender a relação existente entre o investimento na economia (formação bruta
de capital fixo) e as importações.
O gráfico abaixo mostra as
duas séries (em volume, ou seja, desconsiderando o efeito dos preços) desde
1991 até o dado mais recente (terceiro trimestre de 2014). A correlação
existente entre ambas é muito forte e suscita um debate interessante sobre as
razões que podem explicar esse fenômeno.
Investimento (formação bruta de capital fixo) e importações - volume
(Número-índice: 1ºT de 1991 = 100)
Algumas das possíveis hipóteses
são:
1º) Manutenção de uma taxa
de câmbio bastante valorizada entre 1994 e 1998 (política de âncora cambial do
Plano Real) e tendência de valorização do câmbio entre 2003 a 2011,
incentivando a compra de bens que elevem a capacidade produtiva.
2º) A baixa taxa de poupança
doméstica do Brasil para fazer frente à necessidade de investimento. Diante disso,
torna-se necessário utilizar as economias de recursos advindas de outros
países.
3º) A falta de
competitividade da economia brasileira, em razão do crescente aumento dos custos
de produção, gerando produtos substitutos nacionais mais
caros, ou simplesmente ausência de fabricação local de certos bens/componentes.
Uma consideração importante
precisa ser feita a respeito do primeiro ponto. Se essa conjectura for verdadeira, por que então observa-se a manutenção dessa relação mesmo com o processo
de desvalorização cambial iniciado no segundo semestre de 2011?
Entre as respostas
possíveis, o terceiro ponto aqui levantado pode ganhar força. A taxa de câmbio, mantida em patamares sobrevalorizados por muito tempo, pode ter gerado um “vício” nos
importadores, de tal sorte que o processo de substituição do produto importado
pelo produto nacional, mesmo sendo posto em
marcha, pode levar um período de tempo considerável para ocorrer (ou simplesmente não ser vantajoso economicamente). Dessa forma, mesmo com o
aumento absoluto dos custos com o Real mais fraco, ainda assim vale a pena realizar compras de mercadorias no exterior com a finalidade de aumentar a capacidade produtiva.
Fonte: Investimento (IBGE) - Série 1620 do SIDRA.
Quantum de importação (FUNCEX) - Disponível no IPEADATA.
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