O
objetivo desse post é analisar a relação dos preços das commodities e a taxa de câmbio.
Entre
2003 e 2010, observou-se um ciclo de forte expansão dos preços dos produtos
básicos (commodities) no mercado
internacional, numa trajetória que foi interrompida brevemente pela crise
financeira de 2008. O ano de 2011 é o da inflexão, no qual os preços caem,
depois se mantêm estabilizados até 2013 e recuam novamente ao longo de 2014.
A
principal razão para a elevação desses no primeiro período diz respeito ao
choque que gerou um amplo descasamento entre a oferta e a demanda, com a
segunda avançando muito mais rapidamente que a primeira. Essas mercadorias eram
fundamentais para sustentar as taxas de crescimento econômico da China que, ao
longo da década passada, superavam com facilidade a casa dos 10% a.a.. O
período também coincide com a ampla expansão da liquidez internacional. Todavia,
a partir de 2011, a China começa a dar sinais mais claros de desaceleração
econômica. Como as evidências apontavam que esse seria um processo que
continuaria ao longo dos anos seguintes (e não um choque transitório), os
preços responderam negativamente.
As
commodities apresentam especial
importância para explicar o comportamento da taxa de câmbio porque apresentam
um peso importante na pauta de exportação brasileira. Os produtos básicos, em
2000, respondiam por 22,8% da pauta, enquanto que, em 2014, essa fatia alcançou
48,7%, segundo os dados do MDIC. Ou seja, trata-se de um determinante que ganhou muita importância para explicar o comportamento da cotação da moeda nacional em termos da moeda estrangeira.
O
gráfico abaixo mostra a relação existente entre as duas variáveis. Nesse caso,
utiliza-se o artifício de inverter o eixo da taxa de câmbio. Com isso, a
correlação existente entre as duas séries fica mais clara: por exemplo, quanto maior o
preço das commodities, mais
valorizada (menor) é a taxa de câmbio, em decorrência do aumento da oferta de
dólares. O resultado é um enfraquecimento relativo da moeda estrangeira em
comparação com a doméstica (Reais).
Índice de preços de commodities (não-combustíveis) e taxa de câmbio (escala invertida)
(Número Índice - jan/05 = 100 e R$ / US$)
O
que se percebe também é que, a partir de 2012, a taxa de câmbio se descola dos
preços das commodities. Outros
fatores, portanto, acabaram exercendo influência sobre a primeira. Entre as
possíveis causas desse descasamento estão o crescente rombo das contas externas brasileiras, além
das perspectivas de baixo crescimento da economia e da deterioração de
indicadores de solvência externa (como a dívida com agentes estrangeiros como proporção
das nossas exportações).
Fonte: Taxa de câmbio - Banco Central (Série 3698 do BCB)
Preço das commodities (FMI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário