quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Qual a relação entre desemprego e inadimplência?



Conforme já demonstrado em outro artigo, a forte recessão que atinge a economia brasileira causou transformações no mercado de trabalho. O objetivo desse texto é mostrar de que forma o aumento dos desocupados como parcela da população economicamente ativa está relacionado com a falta de capacidade dos consumidores em honrar as dívidas assumidas via contratação de empréstimos.


O gráfico abaixo mostra a dispersão entre dois indicadores: a inadimplência dos consumidores – medida como o percentual do saldo de crédito com atraso superior a 90 dias – e a taxa de desemprego, ambos referentes ao primeiro trimestre de 2016 para todos os estados do Brasil. Além da correlação positiva, vale destacar que das sete Unidades da Federação com a maior taxa de inadimplência, cinco também apresentam as maiores incidências de pessoas que procuram trabalho, mas não conseguem. Os estados com a pior situação encontram-se no Norte e no Nordeste.

Taxa de desemprego e taxa de inadimplência dos consumidores - 1º Trimestre de 2016
(Em %)

Não é possível afirmar qual a relação de causalidade entre as variáveis. Contudo, a justificativa que mais parece fazer sentido do ponto de vista econômico é de que o desemprego causa a inadimplência. A piora daquele provoca queda no fluxo de renda dos trabalhadores, deteriorando a capacidade desses agentes em pagar os compromissos financeiros previamente assumidos. Os efeitos econômicos da inadimplência já foram discutidos nesse texto, e alimentam um círculo vicioso que deprime ainda mais a atividade econômica.



Como existe uma defasagem entre os movimentos do PIB e do mercado de trabalho, e em linha com o que foi visto sobre os indicadores antecedentes do nível de atividade, deveremos observar uma melhora lenta e gradual da taxa de desemprego somente em 2017, gerando reflexos positivos sobre a inadimplência.

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