IPCA e seu índice de difusão
(Em %)
A
correlação entre ambas as séries permite entender alguns fatos interessantes sobre
a condução recente da política monetária do Brasil. Até 2010, as duas variáveis
apresentavam movimentos bastante semelhantes, ou seja, as flutuações do IPCA
eram condizentes com o índice de difusão. Desde então, houve dois descasamentos. No primeiro deles, ocorrido entre o final de 2010 até o
fim de 2011, o IPCA mostrou-se acima do índice de difusão. A hipótese levantada
aqui é de que o impacto da elevação do preço dos alimentos, ocorrido naquela
oportunidade, tenha sido significativo (ápice da cotação das commodities no mercado internacional). Nesse
período, de fato, o grupo “Alimentos e Bebidas” apresentou um forte incremento,
conforme destacado no gráfico abaixo. Como o peso dessa categoria na cesta do
consumidor é bastante elevada, sua influência foi importante.
IPCA de Alimentos e Bebidas
(Var. % acumulada em 12 meses)
No
segundo descolamento, ao longo de 2012 e 2013 e durante uma boa parte de 2014,
o IPCA permaneceu bem abaixo do índice de difusão. Pela correlação histórica entre
as duas séries, deveríamos ter observado uma inflação gravitando, na maior
parte do tempo, entre 7,0 e 7,5% a.a.. O que aconteceu então? Esse período
coincide exatamente com o controle mais rígido dos preços administrados por
parte do governo (principalmente sobre energia elétrica, transporte urbano e
combustíveis) para evitar que a inflação rompesse o teto da meta (6,5% a.a.), uma
vez que o IPCA encontrava-se muito pressionado em função dos preços livres,
conforme o gráfico abaixo.
IPCA - Preços livres x Monitorados
(Var. % acumulada em 12 meses)
Naquele momento, os preços livres subiram, novamente, por conta dos alimentos e
bebidas, que chegaram a crescer numa base de 14% a.a. no acumulado em 12 meses,
conforme o gráfico abaixo.
IPCA de Alimentos e Bebidas
(Var. % acumulada em 12 meses)
O represamento dos
preços monitorados acabou gerando problemas de caixa para as prestadoras dos
serviços públicos. Como não havia mais possibilidade de mantê-lo, o governo tem
promovido o atual “realismo tarifário”, e, por esse motivo, o preço dos administrados disparou. Esse tem sido o principal fator de pressão sobre o IPCA, que atualmente está num patamar
superior a 8,2% a.a..
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