sexta-feira, 3 de abril de 2015

A relação entre a taxa de desemprego e os rendimentos dos trabalhadores

O post de hoje trata sobre a relação entre salários e o desemprego.

O gráfico abaixo mostra as séries da taxa de desemprego e o rendimento médio real, ou seja, já descontando o efeito da inflação de cada mês (ambas suavizadas a partir da média móvel em 12 meses), de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Percebe-se uma forte correlação negativa entre as séries, ou seja, na medida em que o desemprego caiu nos últimos anos, o poder de compra dos trabalhadores aumentou, e vice-versa.

Taxa de desemprego e rendimento médio real dos trabalhadores
(Em % e R$ - Média móvel em 12 meses)

Como é possível explicar essa configuração do ponto de vista econômico? Uma taxa de desemprego elevada indica que há uma grande disponibilidade de mão de obra no mercado. Em outras palavras, há um excesso de oferta desse fator de produção. Nesse tipo de situação, os trabalhadores estão dispostos a aceitar as escassas ocupações, mesmo que isso se dê com uma remuneração mais baixa. Também é possível analisar essa questão pela ótica da lei da oferta e da demanda: excesso de oferta acarreta na redução do preço de equilíbrio - nesse caso, os salários.

Na medida em que a taxa de desemprego começa a cair, seja por um crescimento econômico que incorpore a mão de obra ociosa, ou mesmo pela redução da oferta de trabalhadores no mercado, as empresas acirram a competição por esse fator de produção. A alternativa para atrair trabalhadores cada vez mais disputados se dá via elevação dos salários.

O que podemos esperar para o comportamento de ambas as variáveis em 2015? A taxa de desemprego aumentou nos últimos dois meses (em fevereiro, atingiu 5,9%, valor mais alto desde junho de 2013), e a tendência é de alta para restante do presente ano, em função da recessão que atinge a economia brasileira e, possivelmente, de outros fatores, como a alteração nas regras do seguro-desemprego e do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que tornam a requisição desses benefícios mais difícil. Dessa forma, os rendimentos reais deverão cair em termos reais. Entre outros impactos, as vendas do comércio deverão ser impactadas negativamente. Além disso, a diminuição dos salários faz com que as instituições financeiras se tornem mais seletivas para a concessão de crédito, provocando uma retração da demanda agregada.

Fonte: Taxa de desemprego - IBGE (Tabela 2176 do SIDRA)
Rendimento Médio Real - IBGE (Tabela 2181 do SIDRA)


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