A
trajetória inflacionária de uma determinada economia depende, entre outros
fatores, do comportamento passado da mesma. Trata-se do componente inercial da
variação do nível geral de preços. Nesse caso, por exemplo, é possível pensar
em contratos que apresentam indexação para repor as perdas incorridas ao longo
de um determinado período de tempo. Quando isso ocorre em larga escala, a inflação tende a se manter elevada.
Além
desse, a inflação também depende das expectativas dos agentes econômicos em relação ao
seu comportamento futuro. Tais perspectivas balizam as correções de preços em
todos os setores econômicos. Caso, por exemplo, a inflação esperada ao longo de
2015 seja de 7%, os empregadores de uma determinada empresa irão aumentar o
preço de suas mercadorias em 7%. Se isso não for feito, haverá perda receita. Pelo
lado da oferta de mão de obra, os trabalhadores irão requerer um reajuste dos
seus ordenados nessa magnitude. Caso contrário, o poder de compra dos seus
salários será menor.
Tanto
a política fiscal quanto a monetária (ou uma combinação das duas) pode ser
utilizada pelo governo para manter a inflação em níveis controlados. No caso do
Brasil, a política fiscal é notadamente expansionista, o que faz com que o Banco Central tenha que manter a taxa
de juros para conter a demanda. Esse é um dos principais motivos que faz com
que tenhamos uma taxa de juros real tão alta (ver post Brasil: campeão mundial de insustentabilidade fiscal).
Como
resultado, as expectativas para a inflação nos 12 meses seguintes ao período de
referência pioraram sensivelmente. Conforme os dados mais recentes, já se
espera que para os próximos 12 meses (tomando por base o dia 23 de janeiro) a
inflação seja de 6,99% (e 6,69% no conceito suavizado), conforme o Relatório
FOCUS. Nesse sentido, é possível criar um indicador de “credibilidade” do Banco
Central. Se a política monetária tem agido para manter as expectativas perto do
centro da meta, a credibilidade aumenta, e vice-versa.
Há várias maneiras de construir esse indicador, com base na ampla
literatura sobre o tema. Aqui, optou-se pela utilização do índice utilizado nesse paper, que apresenta uma vantagem pelo seu caráter não-linear, ou seja, há um peso mais significativo quando a
expectativa inflacionária se desvia muito do centro da meta e vice-versa.
Índice de Credibilidade do Banco Central
A partir de agosto de 2011, o Banco Central adotou um comportamento mais leniente com a inflação, reduzindo os juros mesmo com uma política fiscal bastante ativa. Esse movimento se intensificou em 2013, quando as expectativas já superavam 5,5%. Atualmente, o valor da credibilidade da autoridade monetária é zero. Nesses casos, o custo do ajustamento - trazer a
inflação para o centro da meta - é maior (juros deverão ser mais elevados). Esse será outro fator que irá pesar negativamente sobre a atividade econômica do Brasil em 2015.
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