No
dia de hoje, a nota de crédito da dívida soberana do Brasil foi rebaixada pela
agência de risco Fitch. A avaliação tornou-se
equivalente ao rating da Standard & Poor’s, ou seja, perdemos
o chamado “grau de investimento”. No entanto, em termos práticos, você sabe o
que tudo isso significa e quais são os seus potenciais impactos?
A
maior parte dos governos em todo o mundo gasta mais do que arrecada, e isso não
é diferente no Brasil. Essa lacuna pode ser coberta através de duas formas: (a)
emissão de moeda, o que acaba pressionando a inflação e (b) tomada de
empréstimos. Para evitar que o nível de preços aumente sistematicamente,
geralmente opta-se pela segunda alternativa.
Uma
das principais funções das agências de risco é analisar o cenário
político-econômico para determinar se nações (ou empresas, o que também inclui
um exame minucioso das respectivas situações financeiras) apresentam condições de cumprir com as
suas obrigações ou se existe perspectiva de calote. A classificação conhecida
por “grau de investimento” confere benefícios aos seus detentores, enquanto
aqueles com “grau especulativo” arcam com custos mais elevados.
O
mercado de crédito disponível para o primeiro grupo totaliza US$ 15 trilhões, e
como a oferta de recursos é grande, as taxas de juros são bastante atrativas: 1%
a.a. até 5% a.a.. O segundo conjunto tem acesso a uma fatia bem menor do total:
US$ 5 trilhões. A elevada disputa por esses recursos gera, como consequência,
uma elevação das dos juros: mais de 5% a.a., podendo ultrapassar 10% a.a. Essa diferença pode ser explicada pelos estatutos que balizam as
políticas de investimento dos principais fundos de pensão internacionais. Muitos
só podem comprar títulos da dívida dos países se duas das três principais agências
de risco internacionais atestam a qualidade do ativo.
Distribuição do mercado de crédito conforme classificação do rating
As
consequências desse rebaixamento para o Brasil são as piores possíveis. A tendência
é de queda dos Investimentos Diretos no País (IDP), voltados para
empreendimentos produtivos, tão necessários para o crescimento. A menor entrada
de dólares deverá levar o Real a perder ainda mais valor em relação à moeda
americana. Com isso, os importados tenderão a ficar ainda mais caros, o que
pressionará a taxa de inflação. Além disso, as negociações nos mercados financeiros devem
apresentar maior volatilidade, reverberando sobre a taxa de câmbio e a Bolsa de
Valores. Em suma, os atuais desequilíbrios que permeiam a já combalida economia
brasileira deverão se intensificar.
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