Os
movimentos da taxa de câmbio ao longo do tempo sempre geram ganhadores e
perdedores. Quando, por exemplo, o Real se torna mais fraco em relação ao
Dólar, o setor exportador sai ganhando, dado que a rentabilidade dos embarques
aumenta. Por outro lado, se a moeda nacional se valoriza em comparação com a
estrangeira, as importações ficam mais baratas. A cotação, que representa um
dos vários preços existentes na economia, tem papel fundamental de sinalização,
direcionando os incentivos para a compra ou a venda no exterior.
No
entanto, há um elemento que faz com que os dois lados saiam perdendo. Trata-se
da volatilidade exacerbada da taxa de câmbio. Quanto maiores são as variações,
menor é a previsibilidade dos agentes. Por exemplo, empresas
essencialmente exportadoras perdem boa parte da capacidade de realizar estimativas
adequadas para o seu faturamento no futuro. As importadoras, por sua vez, podem
incorrer em grandes erros ao calcular os custos esperados. A má alocação de
recursos, derivada desse fenômeno, gera perda de eficiência.
O
índice de volatilidade da taxa de câmbio, calculado pelo IPEA, alcançou o valor
mais alto desde o período compreendido pelo último trimestre de 2008 e os
primeiros três meses de 2009, quando os maiores efeitos da crise financeira
internacional foram sentidos no Brasil. O gráfico abaixo mostra a série histórica com
dados diários desde 2003.
Volatilidade da cotação da taxa de câmbio
As
causas da atual instabilidade podem ser divididas em dois grandes blocos.
Primeiramente, convém destacar os fatores de ordem externa, em função da incerteza envolvendo o momento considerado apropriado pelo Banco Central americano para começar a aumentar a taxa de juros dos EUA. Todavia, o segundo vetor é
mais importante, relacionado ao quadro doméstico. Além da recessão prevista
para a economia brasileira em 2015 e 2016, o crescimento esperado para 2017 e
2018 é pífio. A turbulência interna também é agravada a partir da crise
política, que tem minado a confiança dos agentes econômicos.
Só
é possível esperar que a volatilidade da taxa de câmbio diminua
quando houver uma melhora do cenário no Brasil. Entretanto, diante da complexidade dos problemas, isso não deverá ocorrer no curto prazo.
Fonte: IPEA, a partir da série histórica do IPEADATA.
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