O
gráfico abaixo mostra a evolução da produção industrial brasileira e mundial ao
longo dos últimos anos, ambas com ajuste sazonal. Para fins de comparação, as
séries foram devidamente transformadas e têm o mesmo ponto de partida, em
janeiro de 2002.
Produção industrial brasileira e mundial
(Índice de base fixa: jan/02 = 100, com ajuste sazonal)
Ao
longo da década passada, a indústria brasileira registrou taxas de crescimento
do volume da produção bastante significativas. O setor foi beneficiado, entre
outros fatores, pelo aquecimento da economia doméstica e pela demanda externa
em franca expansão. No entanto, a imagem acima mostra claramente que a trajetória
nacional não foi muito diferente daquela registrada pelo resto do mundo
até a eclosão da crise financeira internacional de 2008.
A
imagem também evidencia que fomos mais bem sucedidos que o resto do mundo para
sair da turbulência com mais rapidez. Isso se explica por, pelo menos, dois grandes motivos: (a)
espaço para a condução de políticas econômicas expansionistas, como redução dos
juros e aumento dos gastos e das desonerações por parte do governo e (b) excesso de capacidade ociosa,
tanto em relação às instalações das empresas, quanto da mão de obra, uma vez
que o desemprego ainda estava bem acima da chamada "taxa natural", ou
seja, do patamar que não provoca uma aceleração da inflação.
Entre
2010 e o início de 2014, a produção industrial brasileira registrou estabilidade
e, mais recentemente, tem consolidado uma tendência de queda significativa, ao
contrário do que está se passando mundialmente.
O
que tem gerado essa quadro? Uma das explicações está na
forte elevação do custo unitário do trabalho. Essa variável é definida como a
razão entre o salário médio real pago na indústria e a produtividade. Do ponto
de vista da competitividade, o ideal é que essa razão, pelo menos, se mantenha
constante, ou seja, que os custos relacionados à mão de obra (medida pela folha
de pagamento real por trabalhador da indústria) acompanhem a evolução da
produtividade (medida pela produção industrial divida pelo número de horas
pagas).
O que se percebe é
que esse indicador cresceu muito desde o início de 2010 e se manteve em
patamares bastante elevados até a metade de 2014, conforme o gráfico abaixo.
Desde então, a variável teve um recuo expressivo. A diminuição recente da
produção industrial brasileira, portanto, tem feito com que os empresários
estejam reduzindo seus custos para elevar a sua competitividade. Todavia, o patamar ainda é significativamente mais alto em comparação com o período pré-crise.
Custo unitário do trabalho - Indústria total
(Índice de base fixa: jan/02 = 100, com ajuste sazonal)
Fonte: Produção Industrial (PIM/IBGE)
Produção Industrial Mundial (CPB Netherlands)
Número de horas pagas e folha de pagamento real (PIMES/IBGE)
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