A partir do segundo semestre
de 2013, o Banco Central do Brasil se engajou numa tentativa de controle da
taxa de câmbio através dos swaps
cambiais tradicionais, equivalentes a venda de dólares no mercado futuro. O
objetivo da autoridade monetária brasileira era ajudar a conter o efeito que a desvalorização
da taxa de câmbio gera sobre a inflação, o chamado "pass-through". Isso porque quanto maior a cotação, mais elevado é o
custo das importações de bens e serviços em moeda nacional. O gráfico abaixo
mostra a forte elevação do estoque de intervenções ao longo dos últimos
meses.
Intervenções do Banco Central no mercado de câmbio
(Em US$ bilhões de dólares equivalentes)
Um swap cambial tradicional é um contrato que envolve duas partes:
investidores e Banco Central. Toda a vez que a variação cambial ao longo do período
vigente for superior à taxa SELIC, a autoridade monetária cobre essa diferença, e
vice-versa. Quando os agentes financeiros dispõem dessa proteção (hedge) contra variações bruscas da
cotação, menor tende a ser a sua demanda por moeda forte (dólares) em momentos
de turbulência, o que diminui as pressões de alta sobre o seu valor.
Todavia, essa política tem gerado alguns efeitos colaterais indesejáveis na economia, principalmente no âmbito fiscal. O gráfico abaixo mostra o
resultado do custo das operações de swaps do Banco Central (em milhões de reais
deflacionados pelo IPCA até abril do presente ano) e a variação da
taxa de câmbio média do mês de referência em relação ao período imediatamente
anterior. O eixo vertical da direita está invertido, o que mostra de maneira
mais clara a correlação (negativa) existente entre as duas séries: quanto
mais desvalorizada a taxa de câmbio (cotação mais elevada), pior é o resultado
da autoridade monetária do Brasil com esse instrumento.
Custo dos Swaps e variação da taxa de câmbio em relação ao mês anterior (eixo invertido)
(Em R$ milhões deflacionados pelo IPCA até abr/15 e em %)
O superávit anunciado
pelo Ministério da Fazenda em 2015 (1,2% do PIB) diz respeito ao conceito
primário, ou seja, a diferença entre gastos e arrecadação, excluindo o
pagamento de juros da dívida. Os possíveis custos com swaps incorridos pelo BC são contabilizados no resultado nominal,
pois dizem respeito ao pagamento de juros. Esse fenômeno foi um dos principais responsáveis por gerar o pior
resultado fiscal para o Setor Público consolidado (União, Estados e municípios) no primeiro trimestre desde 2002, ano em que as estatísticas começaram a ser divulgadas mensalmente.
Resultado nominal do Setor Público consolidado
(Em R$ bilhões deflacionados pelo IPCA até abr/15)
Apesar de não comprometerem a meta
anunciada pelo governo, os rombos gerados obrigam o governo a cobrir a
diferença via aumento do endividamento. Esse fato também é bastante nocivo para
a economia brasileira, uma vez que, quanto maior a dívida como proporção do PIB, maior é o superávit primário necessário para manter esse indicador constante. Ou seja, déficits nominais geram a necessidade de maiores superávits
primários no futuro, seja via redução dos gastos, ou por novos aumentos de
impostos.
Fontes: Estoque de swaps cambiais (Banco Central) - Notas para a imprensa das operações de mercado aberto)
Custo com swaps (Banco Central) - Notas para a imprensa da política fiscal)
Resultado nominal (Banco Central) - Série 4016 do SGS/BACEN
Taxa de câmbio média do mês (Banco Central) - Série 3698 do SGS/BACEN
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