segunda-feira, 13 de junho de 2016

Quando a taxa de desemprego deve apresentar melhora?

A análise do comportamento do mercado de trabalho brasileiro é fundamental para entender diversos aspectos importantes da economia. Esse blog já demonstrou, por exemplo, a evolução de importantes variáveis, como, por exemplo, a taxa de participação da mão de obra e a conexão existente entre o saldo de geração de empregos formais e o PIB. O objetivo desse texto é analisar de que forma o nível de atividade se relaciona com a taxa de desemprego, ou seja, a parcela da população economicamente ativa que procurou emprego nos últimos 30 dias em relação ao mês de referência e não obteve sucesso.

O gráfico abaixo mostra a variação acumulada em 12 meses do PIB (medido aqui pelo Índice do Branco Central – IBC) e da taxa de desemprego, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. Ambas as séries começam em dezembro de 2004 e vão até fevereiro de 2016, último dado disponível da PME. A priori, devemos esperar uma correlação negativa entre as ambas: quanto maior o nível de atividade, por exemplo, menor o contingente de pessoas sem vínculo formal de trabalho, uma vez que as firmas, em muitos casos, necessitam de mais mão de obra para dar conta da elevação do número de pedidos. Quando há recessão, o raciocínio é inverso. Os dados confirmam essa hipótese, mas, para facilitar a visualização do argumento, o eixo vertical da taxa de desemprego está invertido, ou seja, quanto maior o deslocamento para baixo no mesmo, maior é a variação positiva dessa variável. Pode-se imaginar, analogamente, que essa é uma medida do nível de emprego da economia.

PIB (IBC-BR) e Taxa de desemprego (escala invertida)
(Variação % acumulada em 12 meses)


Alguns dos elementos que podem ser apreendidos pelo gráfico acima são: (1) o desemprego é uma variável que se move ciclicamente como o próprio PIB, ou seja, alterna momentos de alta e de baixa; (2) existe uma defasagem entre o primeiro e o segundo de, aproximadamente, um ano e (3) a atual recessão provocou um forte impacto sobre o mercado de trabalho, numa escala que não havia ocorrido em oportunidades anteriores.

E por que existe essa defasagem? Uma das conjecturas capazes de explicá-la diz respeito à rigidez existente no mercado de trabalho. No Brasil, os custos de contratação e demissão são muito altos. Além disso, se um trabalhador é demitido, o novo empregado leva tempo até atingir um nível de produtividade satisfatório, levando o contratante a postergar o momento de eventuais destituições. 

Tudo o mais constante, o PIB brasileiro deverá iniciar uma modesta recuperação a partir do segundo semestre desse ano. A partir da lógica supracitada, portanto, a taxa de desemprego ainda deve aumentar nos próximos meses para, somente em 2017, exibir alguma melhora.

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