segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O peso da China nas exportações brasileiras

O gráfico abaixo mostra a correlação entre as importações totais da China e as exportações totais do Brasil. A participação do País asiático na nossa pauta de exportação passou de 4,2% em 2002 para 19,0% em 2013, conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Esse vetor foi um dos principais responsáveis pelo forte crescimento econômico do Brasil, principalmente entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009, ano em que foram sentidos os efeitos da crise financeira internacional). Convém lembrar que cerca de 85% de tudo o que o Brasil embarca para a China está classificado como "produto básico" (commodity). A demanda por esse tipo de mercadoria, que sustentou avanços de, em média, 10,3% do PIB chinês entre 2000 e 2010, foi uma das principais fontes de pressão sobre os seus preços (ver post Brasil: País de commodities).


Como as importações apresentam uma relação estreita com a renda (PIB) de um determinado País, o contínuo processo de desaceleração da economia chinesa (que deverá crescer algo em torno de 7,0% em 2015, em relação aos 7,4% de 2014) deverá fazer com que as nossas vendas externas continuem com um desempenho ruim.

Séries:
Importações da China e Exportações do Brasil: variação % acumulada em 12 meses. Fonte: (OMC)

domingo, 28 de dezembro de 2014

Brasil: um país de commodities

O gráfico abaixo mostra a correlação existente entre o PIB total do Brasil e o preço das commodities no mercado internacional ao longo dos últimos anos. Justamente quando as cotações desse tipo de mercadoria cresceram a taxas altas (superiores a dois dígitos), o Brasil apresentou um forte crescimento econômico. Apesar da agropecuária representar apenas 5,7% da economia brasileira (dado de 2013), há uma série de efeitos de transbordamento para os outros setores: a indústria, por exemplo, fornece adubos e defensivos químicos, além de máquinas e implementos agrícolas. Por outro lado, os produtos básicos são demandados como matérias primas para a fabricação de uma série de bens de maior valor agregado.

Atualmente, os preços dos produtos básicos têm retraído de maneira significativa, a partir, principalmente, do menor crescimento da China. Como não se espera uma aceleração dessa economia nos próximos anos, teremos muitas dificuldades para avançar.

Séries:

PIB - Variação acumulada em 4 trimestres - Índice de Volume Trimestral (Fonte: Sidra - IBGE)
Preços das commodities - Non-Fuel Price Index - (Fonte: FMI - Preços de Commodities)
Dados mensais convertidos em trimestrais através de média aritmética - Variação acumulada em 4 trimestres

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Correlação: ativos do FED e S&P 500

A partir da eclosão da crise financeira internacional de 2008, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) lançou mão de uma série de medidas chamadas de "não convencionais" para auxiliar no processo de retomada econômica do País. Esse expediente foi utilizado porque os instrumentos usuais de política monetária, mesmo com a redução da taxa de juros de curto prazo (fed funds) para um nível próximo a zero, não foram suficientes para recolocar o País numa trajetória de crescimento sustentado. Como resultado, a autoridade monetária gerou três programas de afrouxamento quantitativo (QE) que tiveram, basicamente, dois grandes objetivos: (i) pressionar para baixo as taxas de juros de longo prazo através da compra de títulos da dívida com longa maturidade, incentivando o consumo e o investimento e (ii) estimular o mercado imobiliário (epicentro da turbulência) através da compra de ativos com lastro em hipotecas (gerando uma diminuição das taxas de juros dos financiamentos). Esses três programas inundaram os mercados com liquidez, de tal modo que os agentes econômicos direcionaram esse capital em excesso para a aquisição de ativos em escala global, produzindo uma forte valorização dos mesmos. Esse movimento também ocorreu com o índice S&P 500, conforme o gráfico abaixo. Há uma forte correlação entre as séries, de 0,973.


Por fim, cabe destacar que, a partir da sólida recuperação da economia americana, o último QE já foi encerrado. Mais do que estancar o crescimento dos seus ativos, o FED deverá desfazer-se, pelo menos em parte, de suas aquisições. Se isso realmente acontecer, o S&P 500 apresentará uma desvalorização.

Descrição das séries:
Ativos do FED: All Federal Reserve Banks - Total Assets, Eliminations from Consolidation
S&P 500: índice S&P 500.
Ambas foram retiradas do site do FRED (Federal Reserve Economic Data), através do seguinte link:

Apresentação

Esse blog foi criado com o intuito de fornecer informações e dicas úteis para dar suporte à construção de análises econômicas.

Meu Currículo Lattes pode ser acessado através do seguinte link: Lattes

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Oscar André Frank Junior